Friday, April 17, 2009

Wavves @ the Echo, LA

Mr. Babyface


Demorou pra cair a ficha de que Wavves não faz parte do line up do Coachella 2009. O festival californiano, conhecido tambem por revelar – e popularizar – bandas no início de suas carreiras, aparentemente deixou os meninos de lado.

Por esse motivo, o show da banda em L.A. na quinta-feira de véspera do festival caiu muito bem pra turma que se reuniu na cidade antes de pegar a estrada pra Palm Springs. Los Angeles, pulsando ansiedade nessa época do ano, recebeu o show como um aquecimento perfeito pra loucura e correria dos próximos dias.

A banda de Nathan Williams subiu ao palco do Echo club – conhecido como o CBGB pós-moderno da West Coast – em torno das 22:30 hs, bem antes do planejado. Mas essa não foi a única surpresa que eles entregaram pro público do show cujos ingressos esgotaram na semana anterior.

Se alguém esperou escutar o noise pop do primeiro álbum deles, ‘Wavves’, esse alguém ficou sem o noise, sem o barulho sujo que caracteriza a fase inicial da banda. E talvez com um pouco menos de pop. A energia do vocalista e guitarrista Williams, de 22 anos, estremeceu o chão do clube da Sunset Boulevard e fez até o gringo mais sério bater o pé. O garotão de franja na cara, visual de skatista e headbang de hair metal não parou por um segundo. Claramente se sentindo em casa (ele é nativo de San Diego), Williams poupou as piadas forçadas, típicas de show de banda indie, e preferiu agradecer, abrir o sorriso e seguir em frente.

O Wavves, composto por Nathan e o baterista RW Ulsh, tocou todas as faixas do álbum com uma clareza inesperada pelos fãs. Dos riffs limpos da guitarra ao ritmo intenso, ensurdecedor e consistente da bateria de Ulsh, a banda de Williams nunca soou tão diferente. A dupla também entregou um show rápido. O público presente teve menos de meia hora pra adorar o novo jeito de ouvir a banda, cantar os versos do hit “So Bored” em voz alta e absorver o espírito punk-reclamão traduzido em múltiplas influencias musicais. Quando acabou, o show chocante do Wavves deixou a turma da pista sem rumo, pilhada, buscando uma próxima parada na noite de Los Angeles.

Puxei papo com o Nathan enquanto ele enrolava os cabos da própria guitarra no palco. Com o barulho do lugar, ele acabou entendendo que eu vinha de “New Zealand” ao invés do “Brazil”. Esclarecida a confusão das origens, ele comentou: - “Ooh. Brazil is much, much better!”. Williams se surpreendeu quando eu contei sobre os fãs do país, aparentemente visto por ele como um lugar muito mais distante e diferente do que a própria Nova Zelândia. Mas a sua vontade ansiosa de pegar a estrada, senão o avião, é aparente. De acordo com ele, se o sucesso do álbum não só abrir portas mas também pagar passagens e reservar hotéis, ele pretende levar o alucinado show do Wavves pro Brasil assim que a primeira oportunidade aparecer.

Oportunidade essa que ninguém sabe se foi oferecida ou não a banda pela Goldenvoice, produtora do Coachella. Ponto a menos pra ele, que mesmo com nomes esmagadores em seu line up, perde a chance de ser conhecido como o festival que popularizou bandas como Passion Pit e o próprio Wavves em 2009. Nesse caso, até os seguidores mais fiéis do festival mais quente da Califórnia dão o braço a torcer, e um ponto a mais pro SXSW.


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Texto originalmente publicado no rraurl em 17/04.

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