Tuesday, April 28, 2009

além dos palcos



Quando me perguntam porque eu vou todo ano no Coachella não dá mais pra falar que é por causa do line up e ponto. Primeiro porque dependendo do ano- como foi o caso em 2008, outros festivais tinham um line up que eu gostava tanto quanto o Coachella. Depois, porque já tá na cara que minha diversão por lá vai além dos shows.

Eu amo tudo que precede e envolve o festival. A Califórnia, o sol 24/7, Los Angeles, a estrada até Palm Springs e todas as cidades que a gente passa. 
O outlet na estrada, o café da manhã americano. Amo a tranquilidade de Indio e cidades vizinhas com sua faixa etária populacional média de 83 anos e aquela paz de quem não tá nem aí pro The Cure ou YYY.

Me divirto horores no caminho do estacionamento até a porta do festival quando a gente passa por galinhas e cavalos (pois é, o Coachella Field é um campo de pólo equestre).

Amo finalmente entrar no Coachella e ver antes de qualquer coisa aquele visual lindo. Palmeiras na frente e o deserto ao fundo. Onde acontecem os sunsets mais bonitos e o céus mais estrelados do mundo.


Amo a organizaçao, a graminha macia e limpa, a galera linda, uns loucos e figuras.
As pessoas dando um bodinho no chão e ninguem roubando as mochilas delas, a meninas de biquíni no meio de multidão sem serem "incomodadas", ninguém empurrando ninguém. (Quase) Ninguém bebado caindo em cima de (quase) ninguém. 
Essa última parte comportamental eu nunca entendi direito se era uma vantagem de festival nos Estados Unidos ou da Califórnia, até que li no NY Times uma matéria que descreve o público do Coachella como "Mainly educated, grown up and employed".

E óbvio que o line up é incrivel. Óbvio que as grandes voltas dão a expectativa e a sensação de que a gente tá vendo um momento histórico (Pixies, Jesus and Mary Chain, Rage, ...). Eu gosto até dessa mistura engraçada de entre as mais de 130 bandas aparecerem alguns discursos políticos (tipo Henry Rollins esse ano e Sean Penn em 08), além da mistura pop -indie, grandes e pequenos. 

Mas entre meus motivos fúteis, banais e maiores e histórias pessoais vividas em cada Coachella, fica meio complicado racionalizar direitinho porque eu gosto tanto de lá. Escolhi umas fotos de 2009 pra ajudar.






Wednesday, April 22, 2009

Coachella Day 2: Plaid Mafia e Festival de V.A.

O Coachella Day 2 trouxe várias bandinhas folk que eu adoro e tava louca pra ver. O sábado começou com show do Blitzen Trapper, de quem virei fã no outono passado, quando a fofa “Furr” ficou famosa aqui. Todo mundo se apertou dentro da tenda Gobi pra cantar junto esse e o outro hit bacana “Black River Killer”.



Engracado como as coisas mudam. Se no primeiro ano de Coachella (o segundo da Fê), a gente super se comportou, em 2009 o negócio foi chutar o pau da barraca e sobreviver a base de visitas a tendinha Heineken. Ninguém morreu. Pelo contrário, os shows ficaram mais divertidos. Só a volta pro hotel que ficou mais longa, mas aí a gente culpa o trânsito, tudo combinado.


Por isso, eu me empolguei além da conta pra ver o Henry Rollins e sua spoken word performance depois do Blitzen Trapper. Com discursos bem humorados e sempre com um quê de revolta, Rollins discutiu assuntos polêmicos, pedindo que cada um dos Coachellers presentes considerassem o uso da “filosofia hardcore” ao fazer escolhas pessoais, questionando uma segunda opção ao invés de se acomodar com a primeira. No meu videozinho dá pra me escutar concordando. Ai, vergonha.

O show dos meus queridos Fleet Foxes demorou pra engatar. A banda, super perfeccionista, levou 20 minutos pra acertar a passagem de som, e restou só meia hora pro real deal. Mesmo assim, as vozes em harmonia dos caras ecoou linda e compensou qualquer espera. Fiz videozinho de “Tiger Mountain Peasant Song”, pra comparar com a versão do Middle East aqui em Boston. A qualidade da voz do Robin não muda, impressionante pro palco aberto do Outdoor Theatre.



Em seguida, rolou um flashback 2006 com os hits mais antigos dos Band of Horses, misturados aos mais novos como “No One Is Gonna Love You” que eu adoro. Os meninos pareciam super a vontade no palco, mas por algum motivo eu gostei mais de ter visto eles aqui, no Paradise Rock Club. Ds duas uma – ou a banda soa mesmo melhor em lugar fechado, ou eles precisam aprender a fazer uma passagem de som de qualidade com os Foxes. Achei que faltou força no reverb.

Já exausta, sentei de longe pra ver o show da MIA (na tenda da Heineken, ham, ham) e não tive forças pra levantar. Foi assim que eu perdi um dos shows que mais queria ter visto no Coachella: o da idola Jenny Lewis. Já cansei de ir atrás de videozinhos no YouTube, mas não ajuda.
At Coachella, you snooze, you lose.

O final da noite ficou por conta dos Killers, que fizeram bastante gente passar vergonha. Os caras fizeram o maior showzão pop, e em algumas horas empolgaram geral com hits mais antigos ou o cover de “Shadowplay” do Joy Division. Mas exageraram na egotrip, nos fogos, no painel de luzes, nisso e naquilo. Deu vergonha alheia, digna de Roger Waters e o famoso porco no Coachella 2008. Os fãs ainda se divertiram e sim, o foi um showzão. Mas no fim das contas é da parte cheesy que você acaba lembrando. Pena.

Monday, April 20, 2009

Coachella Day 1- Cobertura twitter-style pra Popload




Minha cobertura twitter-style do Coachella está no Lucio Ribeiro
Foram basicamente SMSs frenéticos durante o dia. Segue aqui o que eu mandei pra ele, com mais uns comentarios, fotos e videos.
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DAY 1- Coachella sexta - no SMS (por Fernanda Tedde)

15h - Trânsito clássico dos infernos para chegar ao festival. Muita poeira nos olhos. Ouvindo Noah & the Whale no carro (ja que ja perdemos o show), enquanto tentamos chegar ao estacionamento.

15h43 - Ouvindo We Are the Scientists da fila de entrada. Galera entrando no site do festival e gritando “We are iiiiiiiinnnnn”.

16h - Friendly Fires vai fazer DJ set! Ainda está tranquilo por aqui. Várias mudanças na localização das coisas. Não tem mais Virgin Megastore no Coachella. 

Esse ano tem mais bebida além de cerveja. Milagre. Mas a vodka aqui é de batata (!), mais fraca e custa 10 dólares. 

Bateu uma crise aqui: vejo Ting Tings, Black Keys ou White Lies

16h55 - Vocalista do Los Campesinos se jogou na galera e subiu na maior caixa na última música. A tenda deles bom-bou. Show bem bom.


Tem três brasileiros aqui com camisa do Palmeiras, hahahaha.

17h24 - Estou pegando a primeira música do Black Keys e já com o coração doendo por ter que largar e ir para o Ting Tings. E depois vejo Morrissey ou Beirut? Life is hard on me.

17h40 - Ting Tings lotadaaaço. Puta calor na tenda. “Great DJ” sem surpresas, nada de especial. Mas bastou para o lugar pegar fogo. A segunda foi “Fruit Machine”, com saxofonistas de perucas coloridas no palco. “Shut Up and Let Me Go”. Ok, o povo está feliz, mas eu aumentaria o BPM do show.

18h45 - Conor Oberst tocando. Ouvi de longe. 

Já meio bebinha. Primeira vez que rola tráfico de vodka no Coachella.

18h55 - Franz no palco principal. “Turn It On” seguida de “Walk Away”. Sol se pondo atrás do palco. Tá liiiiindo.

19h20 - Camiseta do Kapranos é do George Harrison. Tenho que ver o fim do Crystal Castles. FAIL ouvir “Lucid Dreams”.

19h35 - Alice Crystal Castles  louca com uma voz esgarniçada e dominando a galere.

20h10 - Morrissey no palco principal de camisa semiaberta. Só hits. Começou o show com “This Charming Man”. Comentário geral de quem tava em dúvida de qual show ver nesta hora: “F*da-se o Beirut”.

Tirou a camisa e mostrou que tá inteirão viu.

21h - No fim do Morrissey está começando uma mistura engracada na plateia. Tiozões e senhoras chegando com camiseta dos Beatles esperando Macca. Tem um grupo de senhoras amigas na minha frente, de no mínimo uns 50 e olhá lá anos. Final lindo do Morrissey com “How Soon Is Now”.

21h22 - Você fica puto comigo se eu perder parte do Paul McCartney para ver Mike Patton e Presets? Vou dar um pulo no Patton.

21h50 - Tenda vazia para os padrões Coachella. Rahzel, que toca com Mike Patton, é um negão do hip hop. Se apresentou e pediu para a gente seguir ele no twitter. Haha. Som bem hip hop mega experimental. “Desert people! He plays the hits and we play the shits”, disse o Mike sobre Macca que está tocando ao mesmo tempo.

22h20 - Desandou para a porra-louquice típica do Patton. Fizeram cover de “Cocaine”, ligaram a rádio no meio do show para ver se tem algo que preste. Estão mudando de estação em estação comentando as músicas. Corriiiiida para o Paul. Friozinho do deserto das 22h45.


(outros videos e mais sobre o show do Patton no post aí de baixo)

22h50 - Paul de camisa branca e suspensório. Animado, brincando com o público. Disse que está emo pq hoje é aniversario da morte da Linda. Não usou a palavra emo, melhor esclarecer. Disse “very emotive” e dedicou “My Love” para ela. Nunca vi o público fazer tanto silêncio em um show igual agora, ouvindo as baladas do Paul. “Here today” dedicada para John. 

Não sou beatlemaniaca mas rola uma emoçao geral. O homem não pára de tocar. A gente achou que tava acabando em “Hey Jude”, mas ele está tocando faz duas horas e meia, Yesterday, Helter Skelter, Can't by me Love, Sargent Peppers... hit atrás de hit. 

Momento fogos de artifício basico, pra dar aquela emocionada geral.

Mais mañana. bjotchau.

OBS: to subindo os videos. Daqui a pouco posto todos.

Mike Patton (Coachella Day 1)


Pouca gente entende eu abandonar o começo de um show histórico como Paul Mccartney e ir ver o Mike Patton numa tenda pequena, em mais um de seus projetos estranhos. Mas paixão de adolescencia deixa a gente irracional mesmo. E desde dos aureos tempo de FNM é impossivel eu não ver o cara se souber que ele ta tocando ha até alguns kilometros de mim. Em 2007 eu também perdi algum showzão que não lembro qual pra ver Peeping Tom, no Coachella.

Patton & Razehl é experimental óbvio, mas menos do que eu imaginei. A base é hip hop o tempo todo, e os 2 fazem a maior parte dos sons com as bocas.

Mike dá o costumeiro show brincando com os sons e usando uma mesa, um radio, 2 microfones e o principal instrumento dele, a voz.

Show divertido. Piadinhas sobre o Paul McCartney que tocava ao mesmo tempo no Main Stage- “He plays the hits and we play the shits”, covers no sense, e um procura nas estaçoes de radio por alguma musica boa, no meio do show.

As risadas do Mike no meio do show faziam valer qualquer musica dos Beatles que eu tivesse perdendo (# momento tiete retardada).

Meio foda imaginar como um cara que ficou cada vez mais alternativo, experimental e louco vai voltar a cantar Epic no Faith no More. Mas to pagando (inclusive passagem aérea) pra ver.

Saturday, April 18, 2009

Coachella Day 1


O primeiro dia de Coachella não começou fácil. O trânsito e a MEGA fila debaixo do sol na entrada testaram qualquer ansiedade, mas não eu vi ninguém desistir. Pelo contrário. Como sempre, a galera mais alt fez questão de mostrar que não tinha medo do calor e vi gente de calça skinny, jaqueta de couro, bota e chapéu. Ah, e a menina de máscara do Batman que eu contei no Twitter. How bizarre.


De cara peguei o finzinho de Airborne Toxic Event no Main Stage, fechando com a mais conhecida “Sometime Around Midnight”, que soou linda, alta e clara com os violinos de fundo. Deu um arrepio de boas vindas quando a gente viu uma galera correndo no gramado em direção ao palco, aquela coisa Coachella de “o mundo vai acabar se eu não não escutar essa música agora”.


No palco do lado, o Outdoor Stage (o que eu gosto mais no festival), M. Ward entrava, pra alegria das meninas que dominavam o público. Confesso que nunca acompanhei a carreira e os álbums dele – com exceção de She & Him, mas esse não era o caso – então foi difícil entrar no clima. Com outras bandas prontas pra tocar ao mesmo tempo, a ansiedade me segurou lá por três músicas. Obs: ansiedade = tema recorrente, get used to it.

Levei um sustinho com a multidão absurda dos Ting Tings. Acho que fazer parte da tilha sonora de The Hills e Gossip Girl ajudou. Aliás, a galera assistindo parecia ter mesmo saído de um dos seriados, cada um com seu BlackBerry ou iPhone na mão. O show em si não surpreendeu muito, soou igualzinho ao álbum, mas animou. Eu me diverti sozinha dançando já que não achei nem a Fê nem ninguém pra ver junto.

Alice in Coachellaland


Na sequência chegaram os esperados Crystal Castles, que conseguiram fazer a tenda Sahara parecer ainda menor. Aliás, é engraçado ver como todo ano a Goldenvoice coloca artistas gigantes pra tocar em tendas/palcos não muito proporcionais. Ano passado aconteceu com a M.I.A. e Justice. E você paga a conta, sem conseguir enxergar a cara de quem tá lá em cima. Mas anyways, de volta aos CCs. Poupando palavras, o set foi foda. E atingiu o ápice na mega popular Crimewave. Até o minuto em que o volume das caixas de som caiu absurdamente, dando um banho de água gelada na turma que pulava junta. Ainda assim, os berros da Alice, que escalava as estruturas da tenda enquanto batia o microfone na própria testa, não deixaram ninguém desistir. E foi assim que eu finalmente acordei pro Coachella Day 1, as 7:30 da noite.

No caminho pra área vip (onde Graças ao bom Deus tem sofá, banheiro com pia e sombra), passei pelo super alto show do NASA, que bombava um rap empolgado e fazia uma turmona cantar junto. Achei que os caras fossem lotar a tenda Mojave, mas parece que a popularidade deles deve chegar mesmo um pouquinho mais tarde.

Hora de Morrisey no palco principal, que já tinha um mooonte de gente sentado no gramado, esperando. O inglesão abriu o show cheio de charme, e mostrou que a banda dele também não tava ali pra brincadeira. Assisti as 4 primeiras músicas, mistura de Smiths e carreira solo. De lá corri de volta pra Sahara, e a turma que ficou depois contou que apesar de ter sido emocionante, problemas técnicos fizeram o Morrisey entregar um show mais tenso do que emocionante.

Circo. Pop. Cheesy. Dançante. Humorado. Todas as palavras que servem pro show do Girl Talk que chega com o jogo ganho, já que conta com hits massivos das décadas passadas, incluindo samples do Michael Jackson, Ramones, Elton John, Belinda Carlile e ... Kelly Clarkson. Não dá pra não se divertir. Mesmo olhando no relógio de 5 em 5 minutos pra não perder nem um pouquinho do próximo show, o do Beatle #2, Sir Paul fucking McCartney.

O Paul abriu o show dele meio tímido, meio awkward, ou pelo menos eu achei. Depois a gente entendeu que a fata era importante pra ele, já que marcava o 11º aniversário da morte da Linda. Mas além disso, acho que levou um tempinho pra ele se sentir a vontade com o público mais jovem e mais alternativo do que ele provavelmente está acostumado. Não demorou muito e ele já fazia graça, jogava charme e claro, fazia gente (aka EU) perder o equilíbrio emocional com músicas dos Wings e dos ídolos Beatles. Com homenagens ao John Lennon (“Here Today”), ao George Harrison (“Something”) e a própria Linda (“My Love”), o cara fez um show épico. Mais tarde eu prometo atualizar esse post com descriçôes mais detalhadas, ja que hoje e Coachella Day 2 e a turma já ta na porta. Mas o Paul com certeza já fez dessa uma edição especial do festival dos nossos corações.

Long Live the Fab Four!

*No Twitter hoje – Blitzen Trapper, Henry Rollins, Glasvegas, TVOTR, Band of Horses, Jenny Lewis e FLEET FUCKING FOXES entre outros, yeah!

Coachella Day 1- Diálogo do Dia

Diálogo de 2 brasileiros atras de mim, no show do Morrissey:

“Qual o nome do vocalista do Morrisey?”.

O amigo responde “Não, Morrissey é o nome dele, animal”. 

Ai o cara tentando disfarçar: “ Eu sei, mas e o primeiro nome dele?” . 

O amigo : “Ah, acho que é Jim. Jim Morrissey”.

Friday, April 17, 2009

Wavves @ the Echo, LA

Mr. Babyface


Demorou pra cair a ficha de que Wavves não faz parte do line up do Coachella 2009. O festival californiano, conhecido tambem por revelar – e popularizar – bandas no início de suas carreiras, aparentemente deixou os meninos de lado.

Por esse motivo, o show da banda em L.A. na quinta-feira de véspera do festival caiu muito bem pra turma que se reuniu na cidade antes de pegar a estrada pra Palm Springs. Los Angeles, pulsando ansiedade nessa época do ano, recebeu o show como um aquecimento perfeito pra loucura e correria dos próximos dias.

A banda de Nathan Williams subiu ao palco do Echo club – conhecido como o CBGB pós-moderno da West Coast – em torno das 22:30 hs, bem antes do planejado. Mas essa não foi a única surpresa que eles entregaram pro público do show cujos ingressos esgotaram na semana anterior.

Se alguém esperou escutar o noise pop do primeiro álbum deles, ‘Wavves’, esse alguém ficou sem o noise, sem o barulho sujo que caracteriza a fase inicial da banda. E talvez com um pouco menos de pop. A energia do vocalista e guitarrista Williams, de 22 anos, estremeceu o chão do clube da Sunset Boulevard e fez até o gringo mais sério bater o pé. O garotão de franja na cara, visual de skatista e headbang de hair metal não parou por um segundo. Claramente se sentindo em casa (ele é nativo de San Diego), Williams poupou as piadas forçadas, típicas de show de banda indie, e preferiu agradecer, abrir o sorriso e seguir em frente.

O Wavves, composto por Nathan e o baterista RW Ulsh, tocou todas as faixas do álbum com uma clareza inesperada pelos fãs. Dos riffs limpos da guitarra ao ritmo intenso, ensurdecedor e consistente da bateria de Ulsh, a banda de Williams nunca soou tão diferente. A dupla também entregou um show rápido. O público presente teve menos de meia hora pra adorar o novo jeito de ouvir a banda, cantar os versos do hit “So Bored” em voz alta e absorver o espírito punk-reclamão traduzido em múltiplas influencias musicais. Quando acabou, o show chocante do Wavves deixou a turma da pista sem rumo, pilhada, buscando uma próxima parada na noite de Los Angeles.

Puxei papo com o Nathan enquanto ele enrolava os cabos da própria guitarra no palco. Com o barulho do lugar, ele acabou entendendo que eu vinha de “New Zealand” ao invés do “Brazil”. Esclarecida a confusão das origens, ele comentou: - “Ooh. Brazil is much, much better!”. Williams se surpreendeu quando eu contei sobre os fãs do país, aparentemente visto por ele como um lugar muito mais distante e diferente do que a própria Nova Zelândia. Mas a sua vontade ansiosa de pegar a estrada, senão o avião, é aparente. De acordo com ele, se o sucesso do álbum não só abrir portas mas também pagar passagens e reservar hotéis, ele pretende levar o alucinado show do Wavves pro Brasil assim que a primeira oportunidade aparecer.

Oportunidade essa que ninguém sabe se foi oferecida ou não a banda pela Goldenvoice, produtora do Coachella. Ponto a menos pra ele, que mesmo com nomes esmagadores em seu line up, perde a chance de ser conhecido como o festival que popularizou bandas como Passion Pit e o próprio Wavves em 2009. Nesse caso, até os seguidores mais fiéis do festival mais quente da Califórnia dão o braço a torcer, e um ponto a mais pro SXSW.


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Texto originalmente publicado no rraurl em 17/04.

na véspera

Los Angeles esta bombando. De sol de comecinho de verão, gente nas ruas, baladas, shows e expectativa pre Coachella tipica de todo ano nessa epoca.

Tanto na fila do show do Friendly Fires na 2a,  no show do Wavves ontem, quanto nas lojas ruas e bares da cidade o papo sempre aparece. “are you going to Coachella?”. Galera discutindo horario pra evitar o transito da estrada, sofrendo com as “intersecções” dos horarios do line up, comentando que esse ano vai estar um pouco mais frio- que os 42C do ano passado. Hehe.

Acabei de pegar a estrada e chegar aqui. O retão que leva até Indio e Palm Springs  e as cidades mesmo continuam uma calmaria só. Nem sinal do festival. Redemoinhos no caminho. Aqui, Resorts, casinos, aposentados dirigindo de carros conversíveis, paisagem de desertos e palmeiras e ceuzão azul o tempo todo.

Mas não da pra esquecer o que vai acontecer aqui quando a gente chega perto dos hoteis, lotados de galere de todas as idades e tipos mas com uma cara tao empolgada que entrega o motivo de estarem ali. E quando meu celular toca com ligaçoes da brasileirada querendo se encontrar. Só de amigos e conhecidos com quem falei que estão chegando ate hoje em L.A já sao 20 pessoas. For a os brasileiros que estão por ai e não conheço. Esse é o Coachella mais Brazlian crowd da historia. 

Monday, April 13, 2009

One day we're gonna live in San Francisco. I promise.


*Eu adoro a história de acreditar que os acontecimentos são "sinais", principalmente quando são bons. Então quando no check in no aeroporto o mocinho da Continental me deu um upgrade de simpatia, eu já sabia que essa viagem não tinha como ser fraca.

*Chegando em São Francisco já fui abrir uns jornaizinhos locais pra ver se ía ter alguma coisa bacana a noite. E só tinha um show do Friendly Fires com White Lies no Slims, clube pequeno na 11th. Só. 
Lógico que me acabei batendo perna e nas compras e cheguei no Slims em cima da hora, o White Lies havia acabado e os ingressos estavam esgotados. E não tinha cambista. Mas eis que uma alma caridosa havia desistido de entrar e me vendeu o ingresso dela por US$10. Ficou pequeno pro Upgrade da Continental.


*Feliz da vida vi um dos shows mais incríveis dos últimos tempos. Friendly Fires são meninos enlouquecidos, com um p. gás, que melhoram música após música. 
Lovesick- Jump in the Pool-In the Hospital- Strobe- On Board- Paris... Ed Macfarlane não para de dançar rebolando muiiito e o show não perde o pique. Engraçado que a grande maioria do
 público era gay. Não sei se é só porque é San Francisco ou se a banda que atrai mais.

* Bom, fim de show, momento do bis, frenesi geral. Jack Savidge (gatinho, bom comentar)se joga na galera e comeca a abraçar todo mundo. Passou na minha frente, encostado. Mas ele tava muito suado, não dava.
No palco, um indivíduo de camisa aberta e cueca (e só) invade vindo do backstage. Felizão. E começa a tocar percussão, dançar e abraçar os músicos. A banda nem pensa em estranhar. Dançam junto e abraçam o cara, super amigos. Galera delira. 
Pergunto pra um cara do meu lado na platéia "quem é esse pelado?". E ele "como assim?" . E eu "ué, pro cara invadir assim peladão e ficar tudo bem é alguem conhecido, ou de alguma banda né?". E ele responde "no baby, this is San Francisco, get used to it". 
: ))
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Tem muiita coisa pra fazer aqui, não dá pra ficar no computador. Mas no próximo post eu conto do DJ set do White Lies e meu papo com o Jack, batera deles.

Thursday, April 09, 2009

Pre-Coachella Party!

Wednesday, April 08, 2009

Funhell only girrrrrls

Hoje eu toco na Funhell. Um set- Coachella -inspired. Eeee. Vamo vamo!

Monday, April 06, 2009

The Hitchhiker's Guide to Coachella Galaxy - Parte III

E então voce guardou dinheiro, tirou férias, comprou ingressos, reservou hotel, viajou horas de avião, alugou carro, dirigiu, e o final-de-semana mais importante do ano finalmente chegou.

Sexta de manhã. Com sorte, voce conseguiu dormir bem essa noite - porque a proxima vai parecer estar bem longe. Mas sem prestar atenção, planejar e aproveitar, o dia pode passar mais rapido do que voce imaginava.

E ai outra chance só no ano que vem.

Com todo o frio na barriga de mais um Coachella chegando perto no calendario, reunimos os ultimos topicos importantes – ou pelo menos interessantes – da preparação pre-festival.


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Get Your Leather On!



a hora oficial do frio na barriga

1-Carpoolchella

Com o papo green dominando o pais onde quer que voce va, festival de musica nao ia ficar de fora, claro. E legal chegar na area e ver carros e vans com a palavrona CARPOOLCHELLA escrita no vidro de tras. Carpool e o termo gringo pra carona. Carpoolchella e o termo Coachella pro carro abarrotado de hipsters em nome do meio ambiente. Valido.

A gente faz a versão brazuca, mas sem bandeira, oquei?

Entre no site do festival para combinar sua carona. Ou faça amigos no hotel. Se vc está no camping, não carece de carro, óbvio.
2- Estacionamento


Os shows começam as 12pm. Tem gente que chega antes, tem gente que prefere chegar depois. O que muda e a fila do estacionamento, que geralmente bomba em torno das 13hrs (tambem por volta da 1hr, quando o mundo resolve sair dirigindo do festival pros hoteis). Dependendo do lineup e das bandas que voce quiser ver, vale chegar/sair mais cedo ou esperar e ir mais tarde. Sentar no transito nunca e legal. Debaixo de sol de 40C, com crise de ansiedade e ataque de sede é bem incoveniente.

Uma vez la dentro, os estacionamentos sao super organizados, relativamente próximos ao campo de polo e bem seguros. Alo, primeiro mundo?

3- Show schedule


Miseros dias antes do festivalzão começar, a produção libera o lineup com horarios no site. Dica do coração: IMPRIME, faz NOVE COPIAS da bendita pagininha. Porque voce nao vai cansar de ler, reler, rabiscar, fazer lista de prioridade, rasgar e começar tudo de novo.


‘Desenhar’ o seu caminho pelo festival com calma, dias antes, evita o stress e confusao de ter que decidir na ultima hora se voce quer ver o *Mark Ronson ou a MIA – ou pelo menos te prepara psicologicamente pra ver metade de um, metade do outro. Ha excecoes, claro: as bandas podem te surpreender e na ultima hora voce pode acabar resolvendo ficar com *The National ao inves de ver o Jack White falando ‘Hello Coachella!’.

*exemplos reais, vividos por nos em 2008.

Na entrada no festival você ganha os guiazinhos fofos com a programacao. Mas a gente não joga fora nossa folha impressa rabiscada. No guia vem também uma descrição das obras de arte e instalações espalhadas pelo campo, e a agendinha da tenda de autografos (siiim, existe uma tenda de autógrafos!). E lá que a gente engole o orgulho, volta a ser criança, encarna a tiete e faz a íntima com os artistas. Em alguns momentos a gente chora tbem.


A Ferr com Mike Patton em 2007
4- Hidratacao
frozen lemonade, $5, a unica que continua gelada depois de 3 minutos


Agua, agua, agua. Limonada congelada, os equivalentes a Gatorade e mais agua. O calor e tanto, mas tanto, que mesmo depois de OITO garrafas de liquido, voce nao sente vontade de ir ao banheiro. Seu corpo absorve tudo rapidinho, e la ta voce com sede outra vez.

5- Cerveja ‘no cercadinho’

tenda Heineken geladinha com a/c, onde voce pode brincar de ser DJ e tomar umas.


A Heineken e a patrocinadora official do Coachella, portanto se voce quiser tomar alguma cerveja durante o final-de-semana, ja se acostume com a ideia. A boa noticia e que a Heineken Light nao e tao ruim assim – parece bastante com as outras cervejas light americanas, que por sua vez parecem bastante com as cervejas brasileiras.


Pra galera que ainda acredita que va conseguir beber a ponto de nao poder dirigir de volta pro hotel: nao existe vodka, whisky ou qualquer outro tipo de destilado fora da área vip. As substancias ilicitas estao por toda parte, sim. Mas o clima nao lembra nem um pouco o das raves no Brasil, ou do Woodstock que a gente ve na TV. Todo mundo tranquilo e comportado, peace and love.



Ps: Nos EUA so bebe quem e maior de idade, ou seja, 21+. Pra poder entrar no cercadinho da cerveja, voce tem que mostrar identidade e so entao ganha a pulseira que te da acesso a area.

6- Refeicoes


'kiss the cook' = 0.25 cents, baratinho.

Tem de tudo pra comer, de salada a pizza, do churrasco brasileiro (yeah!) a opcoes vegan. A barraca brasileira oferece, alem de beijo, uma salada gigante com frango grelhado em cima (favorito da Thais). Nao que alguem esteja necessariamente pensando em regime, mas comer leve ajuda a manter o pique ate a noite. Ja a Ferr e mega adepta da barraca de Açai.


E importante lembrar que, quando os ultimos shows acabam e a galera sai do polo field, nao existem restaurantes abertos na area. Entao a nao ser que voce nao se incomode em comer um pacote de Doritos do 7 Eleven pro jantar, garanta uma refeicao enquanto estiver la dentro.




7- Banheiros


Existem banheiros quimicos em lugares estrategicos, de facil acesso. Ja os banheiros ‘normais’, com privada, pia, papel higienico e espelho (!!), sao mais raros, mas ainda faceis de achar. Com o mapa do Coachella pendurado no pescoco, voce se encontra em qualquer emergencia.


Obviamente a medida que o dia anda, eles vão ficando menos civilizados. Outra vantagem da área Vip. Aliás, mais da área Vip, incluindo o salãozinho de beleza, nesse post aqui.

7- Lodjinhas de cd, camiseta, bugiganga.


nao levou seu cd do MGMT pro festival? compra outro pro autografo!



A Virgin Store tem CD de todas as bandas do Coachella, quase sempre por U$10. Tambem tem livros e DVDS e Cds de outras bandas, sure. As lojinhas de camisetas e posters é uma delícia. E as vezes chegam novidades nos dias seguintes. Mas calma, o mundo não vai acabar (em 2007 a Ferr compulsiva comprou 6 camisetas).
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Fica por aqui o nosso Guia Coachella 2009. Talvez coisas mudem ate o ano que vem, mas a gente espera que nao. Ja e bom demais pra ser de verdade. Cabe a voce se divertir e aproveitar ao maximo, porque passa rapido. E nao se preocupem em seguir a mesma turma o tempo todo. Como os proprios produtores do festival dizem no DVD oficial do festival, “everyone has their own Coachella”, e a diferenca entre o lineup que voce viu e que seus amigos viram e que faz o negocio tao legal.


A gente vai atualizar o Twitter de la, como fizemos em 2008. E assim os pontos-de-encontro de ultima hora tambem serao marcados. No fim, todo mundo se conhece e ninguem fica perdido.



( DICAS DO COACHELLA )
Bom Coachella, a gente se ve la! :)
The Hitchhiker’s Guide to Coachella Galaxy I – Stairway to Heaven
The Hitchhiker’s Guide to Coachella Galaxy II – Hotel California

Phoenix @ SNL

O Phoenix se apresentou nesse sabado no SNL, e eu adorei que alem do hitzinho novo, 1901, eles tambem tocaram Too Young, faixa mais antiga da banda.

Mas feliz messmo eu teria ficado se eles tivessem mandado a rainha das 'breakup songs', If I Ever Feel Better. Nao canso de ouvir isso nunca.