Caché

Enquanto eu penso se vou de carro ou de táxi pro Skol Beats nesse frio sábado à tarde, comecei a lembrar do filme que vi fim de semana passado.
Chama Cachê. Ele passou na Mostra de Cinema de SP e foi um dos primeiros a esgotar.
É um suspense bom, lembra Hitchkock com um ritmo mais lento- francês. (Dava pra ver os paulistanos com siricutico se mexendo nas cadeiras quando a câmera ficava parada muito tempo filmando uma cena vazia). Mas o clima de tensão é mantido no filme todo, e o que é mais diferente, sem musica de suspense, sem “sustos auditivos”.
É a história de um casal- Georges e Anne (J. Binoche, linda)- que começa a receber anonimamente fitas com filmagens da frente da sua casa, junto com desenhos sinistros. E o marido Georges, desesperado, especulando quem pode ser o autor das ameaças, chega a conclusão que só pode ser um filho de ex-caseiros da casa que ele viveu na infância com os pais. Décadas atrás esse menino estava prestes a ser adotado pela família do Georges que, por ciúmes, inventou uma mentira má sobre o menino. Por causa da mentira o menino foi afastado e mandado pra um orfanato. Só que isso aconteceu quando o Georges e o menino tinham 6 anos!! Eles nunca mais se viram, agora eles já são senhores e esse cara reaparece do nada- uns 50 anos depois- querendo vingança...

O filme tem uma mensagem de responsabilidade dos nossos atos sobre os outros. Mas pra mim a principal mensagem é que a gente não pode achar que vai conseguir se esconder.
Sabe “Eu Sei O Que Vocês Fizeram No Verão Passado” e filmes do gênero? O que pega no âmago das pessoas é essa sensação de poderem descobrir seus podres, as coisas que você fez das quais se envergonha, se arrepende e reza pra nunca ninguém descobrir.
Desde atos mais cinematograficos como nao assumir um filho, roubar ou matar alguem atropelado e fugir (nada autobiográfico, essa é do filme Eu sei o Que ...) até jogar lixo pela janela do carro, ter usado ombreira, trair o marido ou falar mal das pessoas pelas costas.
A gente finge que esqueceu dessas coisas também pra poder viver bem com a gente mesmo, mas uma hora os segredos e fantasmas voltam. Eu não sei como lidar com isso- além de obviamente tentar ser uma pessoa legal.
Mas eu sei que you just can’t hide.