Sunday, July 02, 2006

Lar é um lugar imaginário

Eu estou prestes a mudar da casa em que eu morei nos últimos 17 anos. Na verdade é um apartamento. Eu digo casa no sentido de lar. E é isso que tem me deixado mais sentimental nos últimos tempos. Pois quando eu mudar, provavelmente minha mãe também vai mudar, e essa casa não vai mais existir. O que me dá uma certa tristeza é que tanto as futuras casas novas, minha e da minha mãe, quanto a recente casa nova do meu pai não têm a bagagem de vida e o sentido de aconchego que a minha casa velha-atual tem. Nenhuma dessas casas vai me conhecer como a minha casa velha conhece. Não presenciaram minhas fases da vida, aniversários, as outras copas do mundo, não conhecem meus amigos de infância do colégio, do prédio, não foram pintadas e reformadas pela gente, não tiveram vazamentos nos nossos banheiros...são casas para as quais eu sou uma total estranha. E não tem história comigo. E aí penso que eu vou ficar órfã de lar, não sei até quando.
E por coincidência (se é que elas existem), ontem eu estava assistindo Garden State e a Má me lembrou de uma das melhores partes do filme, em que o Zach Braff está conversando disso com a Natalie Portman.
Já me senti melhor em saber que o Largeman me entende.

Andrew Largeman: You'll see when you move out it just sort of happens one day one day and it's just gone. And you can never get it back. It's like you get homesick for a place that doesn't exist. I mean it's like this rite of passage, you know. You won't have this feeling again until you create a new idea of home for yourself, you know, for you kids, for the family you start, it's like a cycle or something. I miss the idea of it. Maybe that's all family really is. A group of people who miss the same imaginary place.

1 comment:

Thais said...

amei teu post, fe. acho que e meu favorito ate agora.
e sabe o que? vai ver e porque eu tenho pensado tanto na ideia de lar e na frase "home is where your heart is" atualmente. a gente sempre vai mudar e sentir falta do que passou e onde passou, com quem passou. mas o que mais me surpreendeu ha pouco tempo foi ver que eu podia me sentir em casa em um lugar tao longe e tao diferente de onde eu passei a minha vida inteira.